terça-feira, 16 de março de 2010

LEVANTA-TE!

Apetecia ficar debaixo dos lençóis, mas tinha de me levantar... Alguém chamava: “Rita, levanta-te!”. Ainda pensei em responder: “Deixa-me ficar na cama”, tal como o filho que pediu ao pai a parte da herança que lhe tocava. Mas não... Ele tinha repartido comigo a Sua herança, e agora precisava do meu corpo, da minha consciência, inteligência, vontade, sentimentos e desejos, mas sobretudo da minha capacidade de amar.


Assim, partimos de S.Mamede da Ventosa um grande grupo de jovens. O meu coração exultava de alegria. Não apenas por sermos muitos, mas por sermos “aqueles”. Aqueles que aceitaram renunciar ao seu egoísmo, que aceitaram despojar-se de si próprios, e se disponibilizaram para acolher Deus e os outros. Mesmo entre trabalhos, testes e outras actividades, aqueles foram os que disseram “Sim”, os que se entregaram confidamente nos braços d’Aquele que nos amou primeiro.

O maravilhoso grupo de SMV

Após a chegada à Casa do Pai, onde fomos recebidos com alegria, aproximava-se a hora de juntar tudo e partir.. partir para uma terra longínqua. E pelo caminho também nós fizemos a experiência de “esbanjar”, de deixar pelo caminho aquilo que de “valor” possuíamos. Numa vida desregrada, trocámos a nossa herança por jogos, bolos, salame, coca-cola, bem-estar, vivendo em função do já e do agora...Deixámos telemóveis, carteiras, MP4, ipods, chaves, pen’s, relógios, moedas, malas..


Depois de gastarmos tudo, houve um tempo de privações, em que tomámos consciência de como tantas vezes perdemos o sentido para a vida. Passar privações é perder o sentido da lealdade, da palavra de honra, dos verdadeiros valores. Passar privações é ter que enfrentar a incoerência dos outros, daquilo que esperávamos receber e não nos dão. Passar privações é não encontrar a alegria verdadeira, a amizade fundada na gratuidade e na exigência, na sã camaradagem.


Era urgente cairmos em nós, era urgente colocarmo-nos de novo no Caminho, acreditando que existe uma outra forma de vida diferente daquela para onde nos empurrou a sofreguidão das coisas, as sensações fáceis, o prazer do imediato. Era urgente cair em porto seguro...tomar consciência de como às vezes também somos como o Filho Pródigo que pega na herança e esbanja tudo quanto possiu numa vida depravada. Era urgente olhar para a nossa vida e ver como temos usado os dons que Deus nos deu, a começar pelo dom da vida. Olhar para o nosso coração, ver por onde temos andado e ousar voltar à casa do Pai. Era urgente voltar a casa... E por isso:"Levantar-me-ei, irei a meu Pai, Lhe confessarei: Te amo, Senhor!"


A escadinha - três anos depois

E como foi marcante, a vigília de oração... e a reconciliação! O confiar dos medos, inquietações, anseios, dúvidas... E depois o escutar a voz que fala! A paz que se sente, a confiança absoluta.. "Aos que confiam em Ti, Senhor dá a Tua Paz.. A paz aos que confiam em Ti... Dá-nos a Tua Paz!"... Os medos que deixam de fazer sentido, porque: "Coragem e confiança boa e profunda caminhada"
Os meus meninos, alguns já cansaditos perguntam se demora muito, e pedem-me para sair... Outros aproximam-se e permanecem até ao final..
E o regresso ao local onde iríamos passar o resto da noite que faltava.. uns em carrinhas, outros a pé! A mesma preocupação do Pai, em não deixar nenhuma ovelha pelo caminho. Mas todos abraçados pelo mesmo Pai, que sempre corre ao nosso encontro... Porque Ele nos ama assim...


A catequista e as suas meninas queridas

A alegria de ali estar, mas numa perspectiva um pouco diferente daquela a que estou habituada... A alegria de "tomar conta", de estar ao serviço, de "dar". Não que isso não acontecesse antes, mas o facto de estar "responsável" por um grupo tão grande, dá-nos outra perspectiva... outro olhar sobre os acontecimentos! A partilha da noite, os abraços, as fotografias, os beijinhos, a última ronda...

As meninas de SMV

E o acordar... O acordar para VIVER COMO FILHO! Recebendo a túnica (simbolizando sermos todos filhos, e convidados à santidade), o anel (marca do compromisso/aliança estabelecida com o Pai) e as chinelas (tomando consciência de que somos enviados para onde Ele chamar)! E prosseguir a caminhada, desta vez todos em grupo!
Chegara a hora da subida à Serra do Socorro, a hora de partilharmos com Cristo o Seu sofrimento... De acompanhá-lo de perto, vivendo com Ele, tão de perto, que nos identifiquemos com Ele. Com Ele e com "aquela pessoa" que nós fomos convidados a eleger... Aquela pessoa que está longe de nós, e de Deus... Aquela pessoa que também é amada por Deus, mas não O reconhece na sua vida. Comprometemo-nos assim, a "tomar conta" daquela pessoa...
Quanto mais subíamos, mais próximos estavamos do ponto alto... Jamais imaginava aquela paisagem! Um local magnífico! Chegara a hora de dar graças pela dor de amor de agradecer ao Senhor, que nos resgatou com o preço do seu Sangue...
Estas 14 estações, este caminho mais do que um caminho de dor, é uma rota da esperança e da vitória segura... E não posso esquecer a estação que me "calhou"... Novamente o convite!

E o culminar de toda esta caminhada! A EUCARISTIA! O cume num cume! O tocar no Céu!

4 comentários:

rumoressilenciosos disse...

Levanta-te... e chama-me!

Deve ter sido muito giro!
:P Pelas fotos de certo que foi muito bom!

Beijo

Mucha disse...

Foi a melhor celebração de eucaristia que tive até hoje,...no cimo do monte e depois do esforço ainda melhor....e em especial com a preseça do S.Bispo Anacleto que tem sempre a sua palavra para dizer, e que parece que se dirge a cada um de nós.....GOSTEI....

Anônimo disse...

Louvado seja Deus
porque vai deixando
na nossa vida marcas de eternidade.
Que estas marcas nos possam
atrair cada vez mais
à casa do Pai,
que nos levem a dizer SIM
como os filhos que se reconhecem
profundamente amados pelo Pai.
Ir. Ana Cristina

Anônimo disse...

opah que pena , eu gostava tanto de ter ido ...

bjinho coligada