segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Negar Deus? Foi sem querer.


“Deus, provavelmente, não existe. Agora deixe de se preocupar e goze a vida.”


É a nova campanha ateísta que circula nos autocarros da cidade londrina e que chegará rapidamente a Madrid.

Em Barcelona, por exemplo, a comunidade evangélica optou por responder com um “Deus, sim, existe. Desfruta a vida em Cristo.”

Não deveriam ter dito antes "Deus, provavelmente, existe" - perguntam.

O que me chama mais a atenção, não é propriamente, imaginar um transporte público a anunciar esta mensagem pelas cidades, porque me parece ser uma iniciativa que não chega a chatear ou a ofender. Poderiam, sim, ter esperado por um tempo de menor crise (económica, entenda-se). Mas, fixo-me na expressão utilizada: “provavelmente”. Do que pude perceber a organização da campanha, optou por esta expressão menos pretensiosa, do que seria por exemplo um “Deus não existe” para não interferir ofensivamente com os católicos e para evitar uma possível violação do código publicitário. Não me pareça que faça sentido esta justificação, uma vez que a própria definição de ateísmo é a negação equívoca (absoluta?) da existência de Deus. Com isto, custa-me imaginar o ateísmo a cair em contradição desta forma tão óbvia. Por outro lado, há quem defenda a intencionalidade irónica para ridicularizar o conteúdo da mensagem. A outra razão tomada por grande parte dos ateus, seria a de que se deve usar provavelmente, uma vez que “não podemos saber nada com certeza absoluta”. Não será, precisamente, esta justificação um exemplo de afirmação absoluta? Não consigo encontrar razões para o "provavelmente".


Para além do “provavelmente”, reparo ainda não expressão “agora”. Ou seja, agora porque Deus provavelmente não existe podes andar despreocupado e gozar a vida. Pessoalmente, não encontro, razões para não poder gozar a vida por acreditar em Deus. Mas, talvez, isto nos obrigue repensar na imagem que damos de Deus, para causar nestas e outras pessoas, a imagem de que vivemos uma liberdade amputada ou proibida.


Mas, por estes motivos, e uma vez que o desejo mútuo é o dialogo e não o da conquista, então seria bem mais esclarecedor e proveitoso, outro tipo de iniciativas como debates e colóquios organizados conjunto entre crentes e descrentes. E estas, quanto a mim, exerceriam uma das funções que mais aprecio no ateísmo (refiro-me ao ateísmo sério): obrigar a Igreja a pensar e dar respostas, racionalmente, credíveis da fé que a move, cuidando sempre do tom que expressa o que nos faz encontrar: o diálogo.Terá havido má intençao nesta campanha? Não se preocupem, eu acho que foi sem crer.

Nenhum comentário: