Olá! Olá!!!!Já fui e já vim! Eheheheh...Acho que podem perceber que estou muito feliz!Aceitei o desafio de caminhar até Santiago de Compostela, com um grupo de jovens da paróquia de São Mamede e da Silveira. Fomos ao encontro das raízes da nossa fé, junto do apóstolo Tiago, o Maior. Eu nunca tinha feito uma peregrianção a pé, não imaginava os imprevisíveis que iriam acontecer: o estado do tempo, o espaço para dormir, todas as dores...Fizemos "o caminho" que, há mais de mil anos, é percorrido por santos, camponeses e reis. A beleza do caminho é permitir uma peregrinação interior, uma escuta pessoal de voz de Deus, que nos fala, também no exterior, pela natureza, e pelos peregrinos que vamos encontrando. E eu senti tudo isto, senti que Deus se aproximava de mim, através de uma voz amiga de um peregrino, de uma ajuda, de um encorajamento, etc... É que eu devo agradecer mesmo muito, porque, afinal de contas, no primeiro e no segundo dia eu era a pessoa do grupo que tinha mais bolhas!!! No primeiro dia foram mais de 30km e custou mesmo muito, era quase impossivel caminhar com as bolhas, mas eu continuei, não podia desistir ali, apesar de doer tanto. Quando, finalmente chegámos ao albergue, eu mal conseguia andar, não podia assentar os pés no chão, enfim, vieram-me as lágrimas aos olhos... Mas, eu sabia que nada se fazia sem esforço. No albergue houve outros peregrinos que me ajudaram, trataram-me dos pés, puseram-me cremes nas costas (pois nós levámos tudo às costas!!!), ofereceram-me sorrisos, mas eu nem os conhecia, e nem faziam parte do nosso grupo, uns eram do Porto, e outros eram espanhóis.Acho que não há palavras para explicar, sentia-me melhor, apesar de permanecer a dor física, sabia que não estava sozinha ali.No segundo dia...aí é que não deu mesmo. Depois de ainda caminhar um bom bocado, que me custou tanto, mas tanto, aqueles poucos km custaram-me mais do que os 30km e tal do dia anterior, pois as bolhas ainda ficaram piores. Tive que desistir e não consegui acabar o percurso do segundo dia, custou muito esta opção....A partir do segundo dia, em que descansei um pouco, correu tudo tão bem. Nem sei o que hei-de dizer, ou como hei-de explicar, a verdade é que eu sentia que tinha em mim um pedacinho bem grande de Deus, sentia que caminhava de mão dada a Ele. Só quem estava comigo é que consguia perceber, eu estava alegre, eu tinha bolhas na mesma, mas o andar era quase normal!Eu não sentia a dor, já estava habituada às bolhas, e sabia que tinha encontrado a minha força em Deus e Ele não me tinha recusado o Seu Sol.Os km iam passando, íamos contemplando a paisagem, sorrindo, oferecendo ajuda, cantando, pulando, dançando, parando pelo caminho, etc...tivemos que entender que o tempo é um dom que se nos dá, e temos de saber medir os sessenta minutos de uma hora por uma velocidade moderada. Com pressa corríamos o risco de passar pelo caminho sem que ele passasse por nós. Esta era uma das dicas que estava no livrinho que nos fora dado pelo Pe. Paulo. E é verdade, muitas vezes vivemos na pressa da vida, e não temos tempo para admirar a natureza, contemplar as estrelas, estender a mão, fazer um sorriso a quem precisa, um momento de silêncio, etc...A missa ao final do dia dava bastante força para o dia seguinte, era simples, mas o amor de Deus tocava-nos, enchia-nos, ajudava-nos a superar e a esquecer o resto.Gostei imenso desta caminhada, desde os caminhos que eram magníficos, pois Ele os tinha preparado para nós, aos sorrisos, à alegria e à energia da Susana. A força que fazia a Daia caminhar, ir sempre à frente, chegar sempre à frente, ter energia para fazer o almoço, etc...enquanto nós estávamos todos rotos, e ela tinha 61 anos, se não me engano. A persistência da Claire, que mesmo tendo as dores nas pernas e nos pés nunca desistiu. A Dona Maria do Carmo (mãe do prior), que irradiava encorajamento e era para nós também como uma mãe. Os olhares suspeitos cruzados entre mim e a Joaninha da minha rua, que nos faziam desatar a rir!!! Ainda estou para desistir a química que existia entre nós..ehehehehAs conversas com a Vera, a Daniela, a Inês e com a a tal Joaninha. As gargalhadas da Claúdia, e o ter preferido a sua cabacinha à minha cabecinha.....ehehhe.....ela percebe!!! As conversas sobre leituras com a Vera, o Rui Pedro e Sandro. As missas animadas pela Nini, pelo Tiago e pelo Rui Pedro, que tocavam viola! A música que a Raquel nos ensinou do homenzinho torto. A prontidão do Diogo, para ajudar na cura de todos os pezinhos e bolhinhas! O braço direito do Prior, que era o Tiago, sempre atento a ver se estava tudo. O encorajamento que a Nancy, a Bárbara, o Samuel, o Diogo, o Sandro, a Vera, a Daniela, a Joana, a Inês, etc...TODOS de qualquer forma me ajudaram, sem vocês não teria conseguido!!!OBRIGADO...
Os risos, quando em Santiago vimos a mulher semi-nua que ia para um casamento, mas que não se tinha apercebido, quando a Joana perdeu o chinelo e os óculos no meio da passadeira, quando o "Patas" olhou para a direcção oposta de onde vinham os carros, e na passadeira nos autorizou a atravessar. A nossa noite em Téo, com os peregrinos do Porto. O nosso filme do mamute que ficou mesmo excelente!!!
E houve muitos mais momentos que iram ser sempre recordados com muita saudade e carinho.
A mística da chegada a Santiago de mãos dadas, o abraço a Santiago, a missa do Peregrino, a alegria, o agradecimento por estarmos bem, o cansaço. etc... Todos estes e outros sentimentos nunca serão esquecidos.
Por fim, a nossa viagem de regresso na caravana, eu, a Joana, a Daniela e a Vera fomos com a Claire, a Dona Maria do Carmo (mãe do Prior) e com o Prior Pe. Paulo na caravana, enquanto os outros foram de camioneta.
Gostei mesmo muito do regresso. "O mais importante do Caminho é o regresso, pois ninguém permanece como antes". É totalmente verdade, eu estava óptima fisicamente, tal e qual como quando tinha ido, não tinha mesmo dores nenhumas, e quem estava comigo sabia. Mas estava tão alegre, que a alegria sobrepunha-se ao cansaço. O Prior queria que cantássemos, etc...pois ia a conduzir e queria ir bem acordado, então nós cantávamos e dançávamos todos na caravana. Mas, a Vera, a Joana, a Daniela, a Claire, que iam na parte de trás comigo, adormeceram, então continuei eu a animar a parte da frente em que estava o Prior e a sua mãe. Depois passei também para a frente e fomos o tempo todo a falar e a cantar, até chegar a S. Mamede.
Foi tudo muito bom...A Virgem Peregrina acompanhou-nos e Santiago protegeu-nos e esperou-nos em Santiago de Compostela.
Obrigado a todos vós, por tão bons momentos...
Para a próxima lá estaremos todos juntos outra vez. Quem sabe....em Taizé!!!
Muitos beijinhos!!!